sábado, 5 de junho de 2010

Redes Sociais: A ciência das conexões e a sua influência nos negócios e relações – PARTE 1/3

Desta semana em diante estarei abordando o assunto das Redes Sociais com uma outra ótica, envolvendo desde os campos de pesquisas sobre o assunto de redes à estratégia e política que as empresas devem planejar antes de implantar suas mídias sociais, além dos benefícios empreendedores das redes sociais às empresas. Neste primeiro artigo vamos falar sobre a ciência das redes sociais.

Muito se tem falado das redes sociais, do rápido crescimento e mercado alcançados, do polêmico uso das mídias sociais internamente pelas empresas, mas será que já visualizamos realmente as vantagens competitivas no uso deste tipo de ferramenta? Ou conhecemos parte do imenso campo de pesquisas já realizada na área? Em uma de minhas palestras, divulguei dados importantes citados em um livro de Albert Barabasi, chamado Linked, recentemente traduzido para o português.

Todos os jornais, revistas, imprensa em geral não param de comentar o assunto do enorme crescimento das mídias sociais como Facebook, Twitter entre muitas outras. Mas será que todos nós conhecemos a complexidade de nosso comportamento em redes sociais? Será que entendemos a dimensão da ciência envolvida neste processo?

O estudo das redes bem é antigo, bem antes do nascimento da internet, e ainda hoje pouco se conhece dele. Entender a lógica do comportamento parece ser uma missão impossível, a princípio é necessário entender a dimensão e complexidade dos mundos onde tudo pode estar conectado. Muitos pesquisadores vêm estudando o fenômeno do comportamento em redes, e vamos aprender algo de novo com eles. No final deste artigo indico alguns livros para vocês.

Segundo Albert Barabási, de alguma maneira nós estamos conectados uns aos outros. Existe sempre um elo comum entre nós, seja a cidade, país onde vivemos, as pessoas que já encontramos, conhecemos ou contatamos em algum lugar, seja real ou pela internet. As redes estão em toda parte. Muitos eventos e fenômenos estão conectados de alguma maneira e se interagem por uma série complexa de comportamentos sociais. Percebemos que tudo se relaciona a tudo, e isso pode nos afetar de alguma maneira.

Muito antes do fenômeno das mídias sociais como Twitter e Facebook já se tentava mapear como a dinâmica de nosso comportamento em redes se procedia. Em uma Rede Social, consideramos cada indivíduo como um “nó” e nossas relações pessoais como “links”. Compreender como as redes realmente funcionam podem gerar várias idéias e inovações, seja nos negócios, na formação de mercados, antecipação de comportamentos de compra, padrões comportamentais internos numa empresa e etc.

Será que existem modelos matemáticos capazes de explicar e demonstrar as conexões ou relações pessoais que podemos ter em nossa vida? Ou modelos matemáticos capazes de prever o sucesso de uma ou outra campanha de marketing por redes sociais? Será que existem modelos capazes de expor as deficiências ou vantagens no uso da tecnologia de redes sociais nas empresas?

No livro Linked, nós percebemos que estamos apenas visualizando a ponta do iceberg no estudo das redes sociais e o tremendo impacto que isso pode causar em nossas vidas. O estudo dos modelos matemáticos que descrevem as redes sociais é mais antigo do que se pensa. Tudo começou com a teoria dos grafos proposta há cerca de 300 anos atrás por Leonard Euler (veja na figura).


Pontes de Konigsberg











Ele inventou a teoria matemática dos grafos ao substituir cada uma das quatro faixas de terra por nós (A a D) e cada ponte (a a g) por links, obtendo um grafo formado por quatro nós e sete links. A partir do grafo das pontes de Konigsberg, ele provou que não havia uma rota que cruzasse cada link apenas uma vez. Era necessário inserir de pelo mais um link (uma ponte) para tornar possível esta solução. Embora esse modelo seja bem antigo, ele foi a base para os estudos mais recentes na área.

Cada rede possui sua própria dinâmica, seu próprio comportamento, mas a primeira tentativa para descrever esses diferentes sistemas foi proposta muitos anos atrás por Paul Erdós e Albert Rényi. Eles encararam o desafio de propor uma formulação matemática para descrever todos os grafos complexos em um único esquema, o chamado “mundo randômico”.

Como no exemplo da figura ao lado, tome uma festa com 10 convidados, em que a princípio nenhum deles conhece o outro, formam-se alguns laços sociais (links) à medida que os convivas começam a conversar em pequenos grupos. De início, os grupos são isolados uns dos outros. No lado esquerdo quem quer que esteja fora da linha ainda é um estranho. Com o passar do tempo três convidados se deslocam para diferentes grupos, emergindo então um gigantesco agrupamento. Embora nem todo mundo conheça todo mundo, existe agora uma única rede social entre todos. Isso também é chamado de “Cluster”, se inseríssemos pelo menos um link entre cada convidado da festa, de forma que todos tivessem pelo menos um link, seria possível propagar qualquer mensagem rapidamente, mesmo que não se conhecesse todos os convidados, pois você está próximo de qualquer pessoa da festa, mesmo que não a conheça. Isso estabelece a importância dos vínculos fracos em qualquer rede social. “Vínculos fracos desempenham papel crucial em nossa capacidade de nos comunicar com o mundo exterior”, informa Barabási. Se formos buscar um emprego, talvez os amigos ajudem pouco, mas será fundamental ativar nossos contatos mais distantes para ou propagar que você está disponível no mercado ou para buscar novas informações ou oportunidades.

Mas será que tendemos sempre a formar ligações da mesma maneira? Quantas ligações tendemos a fazer em nossas vidas? Ou quantas ligações nós estamos de cada um de nós? Um professor de Harvard chamado Stanley Milgram, em 1967, celebrizou o famoso conceito de nossa interconectividade, estabelecendo que estamos 6 graus de separação um dos outros. Ele enviou centenas de cartas aleatoriamente para moradores de 2 cidades nos EUA pedindo que eles participassem de uma pesquisa, sem custo algum. Na carta havia foto, nome e endereço de uma pessoa, um professor da universidade de Harvard. Se eles o conhecessem deveriam enviar a carta diretamente para ele, caso contrário deveriam enviá-la para uma pessoa que conhecessem pelo primeiro nome, que talvez pudesse conhecê-la, e anotasse seu nome no final de uma das folhas, para que a pesquisa pudesse levantar quantas pessoas (links) esta carta passou. O resultado da pesquisa foi 5,5, onde mais de 25% das cartas chegaram ao seu destino.

A pesquisa comprovou que já na década de 60 vivíamos nos chamados "mundos pequenos". E em mundos pequenos os elos fracos vão desempenhar papel crucial. Mas isso foi antes do fenômeno da internet. E qual seria o tamanho de nossa interconectividade nos dias de hoje? Para obter esta resposta seria preciso primeiro medir o tamanho da web. Quantos documentos existiam? Coube a Steve Lawrence e Lee Giles levantar que possuíamos cerca de um bilhão de documentos, em 1999. Mas e qual a distância entre eles? Quantos links estão um de outro?

Albert Barabási, Réka Albert e Hawoong Jeong, no departamento de física da Universidade de Notre Dame iniciaram os estudos para justamente medir isso. Foi preciso montar um robô, semelhante ao utilizado pelo Google ou Yahoo, mas mesmo assim, seria impossível medir isso globalmente, poderia levar muitos anos para medir toda a internet, imagina na escala de crescimento atual, seria praticamente impossível, até mesmo porque não seria possível acessar alguns deles. Por isso fizeram pesquisas com segmentos da internet e estabeleceram um valor estatístico médio que cada documento, em média, se encontra a 19 cliques um do outro.

As duas pesquisas comprovaram que vivemos em mundos muito pequenos, mesmo a última pesquisa não considerou o uso das mídias sociais. E hoje, o que eram 6 graus de separação, podem ser três, com o fenômeno da internet e mídias sociais. O que eram 19 graus entre os documentos, anos atrás, agora podem ser bem menos.

O "mundo randômico" de Paul Erdós e Albert Rényi caiu por terra com a teoria dos conectores. Os conectores são pessoas que possuem um alto grau de conexões, um desejo nato de fazer amigos, contatos, seja por carisma, por facilidade de comunicação e etc. Todos conhecemos um conector, ou digamos, uma pessoa popular. Os conectores são muito importantes em nossa rede social. Eles criam tendências e modas, fazem contatos importantes, e espalham novidades e até ajudam a impulsionar um negócio. Eles estão presentes em diversos sistemas complexos. Na internet os conectores são conhecidos como “Hubs”. Podemos citar o Google como um exemplo de Hub. A “clusterização” e os conectores derrubaram a visão randômica de Erdos e Rényi e nos mostraram que ainda estamos iniciando a busca de modelos que consigam descrever as diversas redes, em um mundo complexo.

Mesmo ainda com nossa visão limitada dos mundos complexos, já podemos, em menor escala, dimensionar ou antecipar algumas tendências e comportamentos benéficos ou maléficos internamente em uma empresa ou pocionar a empresa de forma a se beneficiar de uma estratégia empreendedora baseada na visão de redes. E este será o tema seguinte deste artigo, disponível a partir da semana que vem. Aproveite para conhecer detalhes de minha palestra sobre este tema.

Bibliografia:
- Barabási, Albert László, Linked – A nova ciência nos networks. 1ª edição. São Paulo: Editora Leopardo, 2009.
- Goossen, Richard J. – E-empreendedor, a força das redes sociais para alavancar seus negócios e identificar oportunidades. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2009.
- Cross, Rob e Robert J.Thomas – Redes Sociais, como empresários e executivos de vanguarda as utilizam para obtenção de resultados. São Paulo: Editora Gente, 2009.


Por Márdel Vinicius de Faria Cardoso: tem 44 anos. É Bacharel em Ciência da Computação pela PUC-MG. Pós-Graduado no MIT-Master Information Tecnology pela FIAP-SP. Tem mais de 23 anos de experiência em informática, 15 ano dedicados a projetos web, de analista, gerente a executivo. Foi palestrante em vários eventos e articulista em revistas, jornais e portais pelo Brasil. Diretor e fundador do Portal B2b Mercosul Search, criado em 1996 e Top 5 no IBEST 2001 a 2003. Foi professor de Linguagens para Web e E-Marketing da Fasp/Ceinter, Eniac e Fiap e hoje leciona Gestão de Projetos na Uninove em São Paulo. Autor dos livros “Desenvolvimento Web para o Ensino Superior” pela Axcel Books do Brasil em 2004 e “Programação Web para o Ensino Superior” pelo Clube dos Autores e “A Um Passo de Mim” em 2009.

2 comentários:

  1. Caro autor, sou design capista, faço trabalhos para autores independentes. Trabalhando também com pequenas editoras, mas venho falar especialmente com escritores do Clube de Autores ou qualquer autor independente que deseja e precisa de um conceito visual em suas capas que irão produzir seus próprios livros.

    No caso do Clube de Autores basta você colocar seu arquivo de capa e terá uma capa mais próxima há de uma editora de porte. Naturalmente que você precisa de uma arte bem realizada por um profissional. De um design e uma arte perfeita para impressão em off-set. Veja que essas imagens cedidas no caso do Clube de Autores se repetem com outros autores que fazem uso das mesmas, criando uma combinação estranha e parecida e mesmo a opção de colocar qualquer outra imagem apenas no centro é uma opção infeliz que deixa seu livro a deriva sem destaque algum. Ter uma capa diferenciada e profissional é fundamental em diversos aspectos. Na livraria o que faz um leitor pegar um livro desconhecido é a capa, porque o conteúdo só vai se ver depois, no site então o visual conta muito mais. Faço capas tentando dizer o que você quer de sua obra, uma capa que faça você saber que era aquilo que queria e não simplesmente uma foto enfiada no meio e um rodapé sem expressão. Confira no www.designdoescritor.blogspot.com lá há alguns dos meus trabalhos. Caso queira uma capa ela será feita sobre a temática do seu livro, apelando naturalmente para um conceito visual arrojado e seu livro terá, digamos assim, a roupa que merece. Tudo com um preço para autores independentes , todo meu trabalho de diagramação, criação e arte-final sairá por 70,00 Reais. O que significa um preço muito abaixo da média mesmo. Confira no blog é importante para você escritor.

    ALEXANDRE BOURE
    CAPISTA
    WWW.DESIGNDOESCRITOR.BLOGSPOT.COM

    ResponderExcluir
  2. Caro Autor, bom achei super interresante este artigo sobre Redes Sociais, estou cursando o 3º ano de Informatica em Redes e chegou a hora de começar a fazer o TCC(Trabalho de Conclusão de Curso) e eu e meu grupo escolhemos o Tema provisorio de "Redes Sociais", queria sua opinião se é um bom tema para Redes de Computadores ou não, a
    inda estamos meio indecisos.

    Agradeço desde já pela atenção.

    ResponderExcluir